O Volvismo, também conhecido como Sistema Reflexivo de Produção, é um modelo de organização industrial que se destaca por priorizar a valorização do trabalhador e a conciliação entre processos automatizados e manuais, em contraste com os sistemas de produção anteriores.
Desenvolvido na Suécia entre as décadas de 1960 e 1970, ele surgiu como uma alternativa inovadora ao Fordismo e ao Taylorismo, buscando um ambiente produtivo mais eficiente, colaborativo e humano. Este modelo não apenas redefiniu a engenharia de produção, mas também estabeleceu as bases para conceitos modernos como a produção enxuta (Lean Manufacturing) e os princípios da Indústria 4.0, com um foco central no "homem reflexivo" e em sua capacidade de auto-organização e inovação.
O Volvismo tem suas raízes na Suécia, um país escandinavo que, já nas décadas de 1960 e 1970, se diferenciava por um alto grau de informatização e automação em sua indústria. Foi na cidade de Kalmar, no sudeste da Suécia, que o modelo começou a ser gestado e implementado de forma experimental a partir de 1974.
O sistema foi concebido pelo engenheiro Emti Chavanmco, funcionário do grupo industrial Volvo na década de 1960. A empresa, reconhecida por seu caráter inovador, buscava soluções para a insatisfação de seus operários, que não demonstravam interesse em suas tarefas e funções, o que poderia comprometer a produção de carros com a perfeição e segurança almejadas pela marca. A principal lacuna identificada era a falta de valorização do funcionário.
A implementação do Volvismo foi profundamente influenciada pelo contexto sociocultural sueco:
Sindicatos Fortes e Atuação Democrática: A Suécia possuía (e ainda possui) fortes movimentos trabalhistas e sindicatos muito atuantes. As negociações entre sindicatos e empregadores balanceavam interesses e fortaleciam o trabalho assalariado. No caso da Volvo, os sindicatos foram envolvidos desde o início na definição e projeto das plantas, estabelecendo condições como a montagem estacionária e o controle do ritmo pelo trabalhador, alterando o balanço de poder em favor dos "inovadores" dentro da gestão da Volvo.
Mão de Obra Altamente Qualificada: Desde cedo, a educação universal, pública e gratuita na Suécia proporcionou uma mão de obra com um nível de conhecimento invejável. Isso facilitou a adoção de um modelo que exigia constante qualificação e aprendizado dos trabalhadores.
Rejeição a Modelos Desumanizadores: Na década de 1960 e 1970, os jovens suecos já rejeitavam empregos que os viam como "acessórios da máquina", como nos modelos Taylorista e Fordista. Essa mentalidade, aliada à forte tradição social-democrata do país, impulsionou a busca por sistemas de produção mais centrados no ser humano.
Valores Escandinavos: O Volvismo reflete valores como o igualitarismo (evitando hierarquias sociais), a alta estima por inter-relações coletivas, a sustentabilidade, o pensamento a longo prazo, a modéstia (lagom) e o bem-estar (hygge). Esses valores moldaram a forma como a produção era organizada, com ênfase na colaboração e na qualidade de vida no trabalho.
O modelo Volvista foi aplicado experimentalmente em três fábricas da Volvo: Kalmar (1974), Torslanda (1980/81) e Uddevalla (1989). A fábrica de Uddevalla, em particular, foi projetada para ser a "fábrica do futuro", com um foco intenso na convergência entre pessoas e sistema produtivo para o desenvolvimento contínuo de uma organização inteligente.
O Volvismo se baseia em uma filosofia que inverte a lógica tradicional da produção industrial, colocando o trabalhador no centro do processo. Suas características fundamentais incluem:
Valorização Extrema do Trabalhador: Este é o pilar mais distintivo do Volvismo. O operário é visto como um elemento central e decisório na produção, e não como um simples acessório da máquina. A satisfação e a motivação do trabalhador são priorizadas, entendendo-se que isso influencia diretamente no aumento da produção e na melhoria da qualidade dos automóveis.
Inversão do Controle do Ritmo: Ao contrário do Fordismo e do Taylorismo, onde as máquinas ditam o ritmo de trabalho, no Volvismo, o trabalhador (ou o grupo de trabalho) é quem determina a maneira e o ritmo da produção das máquinas. O operário detém o conhecimento técnico para coordenar as etapas de produção, conferindo-lhe um domínio sobre a máquina.
Organização do Trabalho em Grupos Autônomos: A fábrica é dividida em pequenos grupos de trabalho, geralmente de 6 a 10 pessoas. Esses grupos possuem autonomia para organizar e distribuir suas funções de acordo com as competências de cada membro. Não há hierarquia rígida dentro dos grupos.
Ciclos de Montagem Completos: Uma das inovações mais radicais é que cada grupo é capaz de iniciar e concluir a montagem de um veículo completo em um período de tempo, que podia variar de duas a quatro horas. Isso transformou os operários de simples "montadores de partes" em "construtores de veículos".
Montagem Estacionária: Para permitir essa autonomia e o ciclo completo de montagem, o Volvismo abandonou as linhas de montagem contínuas do Fordismo, optando por um sistema de montagem estacionária. Os grupos atuam de forma paralela e independente.
Polivalência e Qualificação Contínua: Os trabalhadores no Volvismo não são especializados em uma única tarefa; eles são polivalentes, capazes de atuar em diversas etapas da produção. Para garantir isso, a empresa investe pesadamente em treinamentos e aperfeiçoamento contínuos. Por exemplo, em Uddevalla, esperava-se que, após 16 meses de treinamento, um operário fosse capaz de montar um automóvel completo. A alternância de funções periodicamente evita a fadiga e estimula o aprendizado e a criatividade, aumentando o capital intelectual.
Bem-Estar e Ergonomia no Ambiente de Trabalho: O Volvismo prioriza um ambiente de trabalho focado no bem-estar do indivíduo. Isso inclui baixo nível de ruído, ar respirável, ergonomia em todos os detalhes, e a disposição de salas espaçosas equipadas com cozinha, banheiro, chuveiros e computadores para cada grupo de trabalho. O objetivo é projetar um trabalho tão ergonomicamente perfeito que torne os operários mais saudáveis.
Combinação de Automação e Trabalho Manual: O modelo sueco não rejeitou a tecnologia, mas buscou uma harmonização entre os processos automatizados e o trabalho manual. A centralização e automação do sistema de manuseio de materiais são combinadas com a utilização de mão de obra altamente especializada em um sistema totalmente informatizado e de tecnologia flexível.
Controle de Qualidade Contínuo: No Volvismo, o controle de qualidade é realizado durante o processo produtivo em suas diversas etapas, e não apenas no final, como no Fordismo. Isso permite a detecção e correção rápida de problemas, otimizando o tempo e o processo de montagem.
Responsabilidade Social Corporativa: A Volvo se comprometeu com a responsabilidade social, liberando parte das horas dos funcionários para atividades comunitárias e utilizando insumos certificados para minimizar impactos sociais e ambientais. Há controle de poluição, reciclagem e ruídos mínimos.
Essas características refletem a visão do Volvismo como uma "organização-cérebro" ou "organização-holograma", que busca a auto-organização, a flexibilidade criativa e a capacidade de aprender e inovar.
O Volvismo trouxe uma série de benefícios, tanto para a empresa quanto para os trabalhadores, muitos dos quais são valorizados até hoje nas organizações mais avançadas:
Aumento da Motivação e Satisfação do Trabalhador: Ao valorizar o funcionário, dar-lhe autonomia e um ambiente de trabalho confortável, o Volvismo conseguiu que os operários se sentissem mais engajados e motivados. Isso resultou em um alto grau de comprometimento e orgulho em fazer parte da organização.
Melhoria Significativa na Qualidade do Produto: A qualificação dos operários e o controle de qualidade contínuo em todas as etapas da produção contribuíram para uma maior qualidade dos automóveis.
Flexibilidade e Criatividade na Produção: A organização em grupos autônomos, a polivalência dos trabalhadores e o controle do ritmo pelo homem permitem uma produção muito mais flexível e criativa, capaz de se adaptar rapidamente às variações da demanda e introduzir inovações.
Redução de Problemas Trabalhistas: A valorização da mão de obra e as condições de trabalho mais humanas levaram a uma redução drástica do absenteísmo e do turnover, problemas crônicos em sistemas como o Taylorismo e Fordismo.
Otimização do Tempo e do Processo: O controle de qualidade feito durante a produção e a capacidade de os grupos montarem um veículo completo otimizam o tempo e o processo de montagem.
Menos Oneroso e Intensivo em Capital: A combinação de alta tecnologia com um projeto sociotécnico criativo também possibilitou uma redução da intensidade de capital em comparação com os modelos de produção em massa.
Desenvolvimento de Capital Intelectual: O rodízio interno e o estímulo ao aprendizado constante entre os empregados e grupos de trabalho aumentam o capital intelectual das organizações, formando o "homem reflexivo" com consciência e capacidade analítica.
O Volvismo provou ser uma alternativa economicamente viável que pode ser atingida através de uma organização flexível e criativa, desafiando a noção de que a eficiência exige a desumanização do trabalho.
Apesar de suas muitas vantagens e ideais progressistas, o Volvismo enfrentou e ainda enfrenta críticas e limitações que dificultaram sua ampla replicação e, em parte, levaram ao fechamento das fábricas originais:
Alto Custo de Implementação: O Volvismo exige um investimento significativo em qualificação da mão de obra e na adaptação do ambiente fabril, especialmente em locais onde outros sistemas de organização estão em vigor. Essa transformação estrutural em larga escala demanda tempo e recursos consideráveis.
Dependência de um Contexto Sociocultural Específico: O modelo foi pensado e floresceu no contexto socioeconômico e político único da Suécia nas décadas de 1960 e 1970. A forte influência sindical, a alta qualificação da mão de obra já existente e o suporte a políticas trabalhistas democráticas são fatores difíceis de replicar em outros países, especialmente "em desenvolvimento", onde os trabalhadores podem não ter o nível de conhecimento necessário para assumir a direção do processo de produção.
Exigência de Infraestruturas e Capital: O modelo do Volvismo depende de infraestruturas logísticas bem estabelecidas, um capital humano altamente qualificado e um entrosamento comunitário intenso. Além disso, requer organizações de grande porte e com muito capital aplicado para construir e manter esses ambientes e sistemas complexos.
Vulnerabilidade Econômica:
Custo Elevado do Produto Final: Embora a produção reflexiva fosse eficiente socialmente, os produtos resultantes tendiam a ser caros e demorados de modo agregado. Isso gerava dificuldades na competitividade global, especialmente diante da concorrência de produtos asiáticos mais baratos.
Crise do Petróleo e Falta de Mão de Obra: A crise do petróleo na década de 1970 encareceu os veículos e desestabilizou o setor. Aliado a isso, a baixa oferta de mão de obra qualificada na Suécia, apesar do alto nível de emprego, dificultou a manutenção e expansão do modelo, culminando no fechamento das fábricas de Kalmar e Uddevalla nos anos 90.
Ambiguidades no Envolvimento Comunitário: Embora o Volvismo promova o envolvimento comunitário, há casos que demonstram uma ambiguidade, como a situação da mineradora LKAB, onde a sobreposição de lideranças da empresa e da comunidade pode resultar na dominação da voz da maioria sobre direitos de minorias ou ambientais.
Visão do "Cavalo Morto" (Dead Horse): Alguns críticos, como Womack, Jones e Ross (autores de "A Máquina que Mudou o Mundo"), classificaram o Volvismo como uma "experiência fracassada" ou um "cavalo morto" da indústria automobilística, argumentando que faltava competitividade em comparação com os padrões de produtividade da Ford, GM e Toyota. No entanto, esta visão é contestada, apontando para o crescimento e posicionamento sociopolítico invejável da Suécia e o reconhecimento posterior de que a produção em massa convencional é frágil e burocratizada.
Apesar dessas desvantagens e críticas, é crucial entender que o Volvismo não foi um fracasso absoluto, mas sim uma experiência que demonstrou o potencial de um modelo de produção mais humano e flexível, cujos princípios continuam a influenciar a indústria contemporânea.
Para compreender a inovação do Volvismo, é fundamental compará-lo com os modelos de produção que o antecederam e que ainda hoje influenciam a indústria:
Taylorismo (Século XIX): A Gestão Científica da Desumanização
Foco: Otimização do tempo de trabalho e aumento da produtividade através da gerência científica.
Trabalhador: Altamente especializado em uma única função, trabalho repetitivo e alienante. O saber do trabalhador é expropriado e transferido para a gerência. O homem é visto como um "acessório da máquina".
Ritmo de Trabalho: Dictado pela gerência, que planeja e controla as tarefas de forma rigorosa.
Qualidade: Controlada apenas ao final do processo.
Volvismo x Taylorismo: O Volvismo é uma oposição direta ao Taylorismo. Ele reabilita o saber do trabalhador, promove a polivalência, o homem dita o ritmo da máquina e a qualidade é verificada continuamente.
Fordismo (Início do Século XX): A Produção em Massa e a Linha de Montagem
Foco: Produção em massa, redução de custos e aumento da produtividade através da linha de montagem e intercambiabilidade de partes.
Trabalhador: Também especializado, realizando uma única tarefa na linha de montagem. Tinha poucas perspectivas de carreira e tendia à desabilitação.
Ritmo de Trabalho: Dictado pela máquina e pela esteira de rolagem. O homem se adapta à necessidade da organização.
Qualidade: Auferida após a conclusão do processo.
Volvismo x Fordismo: O Volvismo surge como uma alternativa ao Fordismo. Abandona a linha de montagem estacionária, inverte o controle do ritmo para o trabalhador, e foca na autonomia e polivalência, em contraste com a rigidez e a marginalização da criatividade humana do Fordismo.
Toyotismo (Após a Segunda Guerra Mundial): A Produção Flexível e Enxuta
Foco: Produção flexível e "Just-in-Time", eliminando estoques e respondendo à demanda. Busca a eliminação de desperdícios.
Trabalhador: Mais polivalente do que no Fordismo/Taylorismo, podendo exercer mais de uma função. Possui mais autonomia, mas ainda com trabalho padronizado e forte aplicação de rotinas (kata).
Ritmo de Trabalho: Há mais controle pelo trabalhador do que nos modelos anteriores, mas o sistema ainda busca padronização.
Qualidade: Acontece concomitantemente à produção (jidoka - automação com toque humano).
Volvismo x Toyotismo: O Volvismo compartilha com o Toyotismo o conceito de produção flexível e a busca pela eliminação de desperdícios ("produção enxuta"). Ambos valorizam o conhecimento e o respeito ao ser humano. No entanto, o Volvismo vai além na autonomia e no papel do trabalhador, que não apenas é polivalente, mas dita o ritmo das máquinas e tem voz nas decisões do grupo. Enquanto o Toyotismo ainda tem elementos de padronização rígida, o Volvismo promove a auto-organização e a criatividade de forma mais acentuada.
Sistemas / Conceitos | Homem | Gestão |
Taylorismo | Expropriação do “saber” do trabalhador; o homem como “acessório de máquina”; inimigo do trabalho humano. | Administração Científica, baseada na divisão rígida de tarefas, supervisão hierárquica e regras detalhadas. Foco em planejamento, organização, comando, coordenação e controle. Busca de eficiência por meio da análise das condições de trabalho. |
Fordismo | Marginalização do trabalho; transformação do homem em máquina; atividades manuais sem aplicação da criatividade e participação. Operário sem perspectivas de carreira e desabilitação total. | Produção em massa, com linha de montagem ditando o ritmo. Foco na completa e consistente intercambiabilidade de partes e simplicidade de montagem. Tentativa de verticalização total da produção. |
Toyotismo | Início da valorização do conhecimento e respeito ao ser humano. Trabalho padronizado, envolvimento dos trabalhadores em grupos com responsabilidade por várias tarefas, inspeção de qualidade, discussão de melhorias. | Produção flexível e enxuta (Just-in-Time e Jidoka). Eliminação do desperdício. Relação de parceria com fornecedores e rede de vendas. Busca de harmonia entre estratégia, estrutura, tecnologia e dimensões humanas. |
Volvismo | Valorização máxima do trabalhador, envolvimento total no trabalho. O homem dita o ritmo das máquinas. Trabalhador polivalente, constantemente reciclado, participa das decisões do grupo e é "reflexivo". | Oposição ao Taylorismo e Fordismo. Trabalho em grupo, produção reflexiva, considerada inovadora. Conciliação de processos automatizados e manuais. Foco na auto-organização, flexibilidade criativa e bem-estar. Qualidade controlada durante a produção. Integração com elementos socioculturais (igualitarismo, coletivismo). |
Apesar do fechamento das fábricas originais de Kalmar e Uddevalla nos anos 90, o Volvismo não foi um "cavalo morto" como alguns críticos sugeriram. Seus princípios e a filosofia de valorização humana deixaram um legado duradouro e são cada vez mais relevantes no cenário industrial e organizacional atual.
Os principais resquícios do Volvismo nas organizações contemporâneas podem ser identificados em:
O Surgimento do "Homem Reflexivo": O Volvismo foi pioneiro na criação de um tipo de trabalhador com consciência e capacidade analítica, com domínio da máquina e polivalência, e um alto poder de aprendizado. Este "homem reflexivo" é o perfil profissional que a Indústria 4.0 exige: alguém capaz de usar conhecimentos técnicos, criatividade e inovação para solucionar problemas organizacionais, muitas vezes conduzindo processos à distância e em tempo real, desde que tenha o conhecimento necessário.
A Base Humana do Conceito "Lean" (Produção Enxuta): O conceito "Lean", popularizado por Womack, Jones e Roos, foca na otimização, eliminação de desperdícios e melhoria contínua. No entanto, autores contemporâneos afirmam que o princípio mais importante do Lean é o "respeito pelas pessoas", proporcionando um ambiente de trabalho respeitoso e desenvolvendo os profissionais. Essa ênfase no respeito e desenvolvimento do ser humano tem sua origem direta no Volvismo, que inicialmente criou a condição da participação e valorização do trabalhador nos sistemas produtivos. A produção enxuta, otimizando o tempo de trabalho com tecnologia, e o Volvismo se alinham em oferecer aos trabalhadores a oportunidade de adquirir conhecimento para conduzir processos de forma mais eficiente.
O Valor da Auto-Organização e do Trabalho em Equipe: A estrutura de grupos autônomos e a capacidade de auto-organização, tão centrais no Volvismo, são cada vez mais adotadas em empresas modernas que buscam flexibilidade e inovação. A ideia de que "o controle sobre as partes inibe o autocontrole e o controle entre as partes" e que encorajar posturas abertas, novas visões e descentralizar a decisão levam ao desenvolvimento de características de auto-regulação e aprendizado (double-loop learning).
Flexibilidade Criativa e Inovação Contínua: A capacidade de inovar e de se adaptar rapidamente às mudanças do mercado, características do Volvismo, são imperativos na economia atual. Isso se reflete na adaptação do modelo Volvo para pequenas organizações, especialmente em áreas de tecnologia, economia criativa e serviços altamente especializados.
Gestão da Produção na Atualidade: As características do Volvismo, como a priorização do trabalho do homem, a necessidade de otimização pelo conceito "lean", a robustez que alicerça todo o sistema e os fundamentos da Indústria 4.0, estão presentes na engenharia de produção das organizações da atualidade. Uma liderança atuante no "gemba" (local de trabalho), treinando e desenvolvendo equipes em um ambiente satisfatório de trabalho, reflete os resquícios do Volvismo e é fundamental para resultados positivos e duradouros.
O Volvismo, portanto, permanece atual, não como um modelo a ser copiado integralmente em qualquer contexto, mas como uma fonte de princípios e valores essenciais para uma gestão que reconhece o ser humano como o principal impulsionador da produtividade e da qualidade. Ele sugere que a "organização do futuro" pode ser menos como uma orquestra sinfônica rigidamente controlada por um maestro e mais como uma banda de jazz, onde a música resulta da mescla de harmonias, primazia do senso comum, improvisação individual e coletiva, valorização dos músicos e, principalmente, o prazer da execução.
Para consolidar seu aprendizado, respondemos às dúvidas mais comuns sobre o Volvismo:
O que é Volvismo? O Volvismo é um modelo de produção industrial pós-fordista que surgiu na Suécia e foi implementado pela Volvo, destacando-se pela valorização do trabalhador, organização em grupos autônomos, e a inversão do controle do ritmo de trabalho (o homem dita o ritmo da máquina).
Quando e onde surgiu o Volvismo? O Volvismo surgiu nas fábricas da Volvo na Suécia, especificamente na cidade de Kalmar, entre as décadas de 1960 e 1970. Foi aplicado em caráter experimental nas plantas de Kalmar (1974), Torslanda (1980/81) e Uddevalla (1989).
Quem criou o Volvismo? O sistema Volvismo foi criado pelo engenheiro Emti Chavanmco, funcionário do grupo industrial Volvo, na década de 1960.
Quais as principais características do Volvismo? As principais características incluem a valorização do trabalhador como elemento central, organização do trabalho em pequenos grupos autônomos capazes de montar um veículo completo, polivalência e treinamento contínuo dos operários, o homem ditando o ritmo das máquinas, montagem estacionária (sem linha de montagem), controle de qualidade contínuo, e foco no bem-estar e ergonomia no ambiente de trabalho.
Quais as vantagens do Volvismo? As vantagens incluem maior motivação e satisfação dos trabalhadores, aumento da qualidade do produto, flexibilidade e criatividade na produção, redução de absenteísmo e turnover, otimização do tempo, menor intensidade de capital e desenvolvimento do capital intelectual.
Quais as desvantagens do Volvismo? As desvantagens são o alto custo de implementação, a dependência de um contexto sociocultural específico (Suécia), a necessidade de infraestruturas bem estabelecidas e muito capital, a vulnerabilidade econômica (produtos caros, concorrência) e o fechamento das fábricas originais em meio à crise da social-democracia e concorrência asiática.
O Volvismo ainda é utilizado hoje? Embora as fábricas originais de Kalmar e Uddevalla tenham sido fechadas, os princípios do Volvismo persistem e são altamente relevantes. Seus resquícios são identificados no conceito "Lean" (produção enxuta), na valorização do "homem reflexivo" exigido pela Indústria 4.0, e em métodos de gestão que priorizam o respeito às pessoas, a polivalência, o trabalho em equipe e a autonomia.
Qual a diferença entre Volvismo, Fordismo e Toyotismo?
Fordismo: Produção em massa, ritmo da máquina, trabalhador especializado e repetitivo, qualidade ao final.
Toyotismo: Produção flexível (Just-in-Time), trabalhador polivalente, maior autonomia que Fordismo, qualidade concomitante.
Volvismo: Supera ambos ao colocar o homem como principal agente, ditando o ritmo das máquinas, em grupos autônomos que fazem o carro completo, com foco total na polivalência, qualificação contínua e bem-estar do trabalhador, integrando tecnologia e humanização.
O Volvismo, muito mais do que um mero "experimento fracassado", representa um marco fundamental na história da gestão da produção. Ele desafiou os paradigmas mecanicistas do Taylorismo e Fordismo e aprofundou a visão mais flexível do Toyotismo, ao introduzir e testar em larga escala a centralidade do ser humano no processo produtivo.
Ao priorizar o "homem reflexivo" – um trabalhador qualificado, polivalente, com autonomia e capacidade crítica-analítica – o Volvismo previu as demandas de um mercado em constante mudança e as necessidades de uma força de trabalho que rejeita a desumanização. Embora as fábricas originais tenham sido fechadas por fatores conjunturais e desafios de competitividade global, a sua filosofia ressoa fortemente nos conceitos de gestão mais modernos, como a produção enxuta (Lean Manufacturing), que reconhece o "respeito pelas pessoas" como um de seus pilares mais importantes.
Na era da Indústria 4.0, onde a digitalização e a automação avançam rapidamente, o legado do Volvismo é mais relevante do que nunca. A exigência de profissionais com criatividade, inovação e capacidade de solução de problemas, atuando com domínio da tecnologia e até mesmo à distância, alinha-se perfeitamente com o ideal Volvista de um trabalhador engajado e capacitado.
O Volvismo nos ensina que a busca pela eficiência e competitividade não precisa (e não deve) vir à custa do bem-estar e do desenvolvimento humano. Ele é um lembrete poderoso de que as pessoas são fundamentais no processo de crescimento das organizações.
O "volvismo e a valorização do ser humano como parte integrante e decisória no processo está mais vivo que nunca", e sem essa perspectiva, "dificilmente terá resultados positivos duradouros". Para a organização do futuro, a lição do Volvismo é clara: tudo começa e se sustenta com a preparação, o envolvimento e o comprometimento das pessoas.
O que é o Volvismo?
a) Um modelo de trabalho taylorista.
b) Um modelo de organização do trabalho pós-fordista.
c) Um método de marketing.
d) Uma estratégia de vendas.
e) Nenhuma das alternativas.
Qual a principal característica do Volvismo?
a) Centralização total das decisões.
b) Organização autônoma do trabalho.
c) Exclusão do uso de tecnologia.
d) Foco em vendas internacionais.
e) Nenhuma das alternativas.
O que distingue a indústria sueca no contexto do Volvismo?
a) Baixo nível de automação.
b) Mão-de-obra pouco qualificada.
c) Alto grau de automação e sindicatos atuantes.
d) Exclusão de sindicatos trabalhistas.
e) Nenhuma das alternativas.
b) Um modelo de organização do trabalho pós-fordista.
b) Organização autônoma do trabalho.
c) Alto grau de automação e sindicatos atuantes.