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23/09/2025 • 16 min de leitura
Atualizado em 23/09/2025

A Poesia Pau-Brasil de Oswald de Andrade

A POESIA PAU-BRASIL DE OSWALD DE ANDRADE

1: CONTEXTO E DEFINIÇÃO

Este nível estabelece as bases históricas e conceituais do Movimento Pau-Brasil, essenciais para qualquer prova de múltipla escolha ou introdução ao tema.

1.1 O Que Foi o Movimento Pau-Brasil?

O Movimento Pau-Brasil foi um projeto artístico-literário central, inserido na Primeira Fase do Modernismo Brasileiro (1922-1930).

Este projeto surgiu oficialmente em 1924 com a publicação do Manifesto da Poesia Pau-Brasil. Foi idealizado pelo escritor modernista Oswald de Andrade (1890-1954).

O nome do movimento faz uma alusão direta ao pau-brasil, a árvore que foi o primeiro produto de exportação do Brasil no início da colonização. Daí surge a ideia de criar uma arte brasileira que fosse, ela própria, um produto de exportação.

1.2 O Contexto Histórico: Modernismo e República Velha

O Modernismo, do qual o Pau-Brasil faz parte, foi um movimento de ruptura que se opôs à tradição estética vigente.

O movimento Pau-Brasil surgiu nos últimos anos da República Velha, um período que, historicamente, se caracterizava pelo tradicionalismo. O modernismo, em geral, opôs-se tanto ao tradicionalismo quanto ao autoritarismo (que viria a se manifestar na Era Vargas, a partir de 1930).

Oswald de Andrade foi um dos líderes do Movimento Modernista, cuja atuação intelectual foi crucial para a cultura brasileira do início do século XX. Ele esteve envolvido na organização da Semana de Arte Moderna de 1922, evento que serviu para anunciar o processo de construção de uma nova mentalidade artística.

1.3 Inspirações e Influências (Blaise Cendrars)

Uma inspiração fundamental para Oswald de Andrade na criação do movimento Pau-Brasil foi o autor francês Blaise Cendrars (1887-1961). Cendrars foi um escritor que exerceu um papel relevante no Modernismo brasileiro.

Oswald e Cendrars mantiveram contato de seus textos ainda inéditos, tendo havido influência recíproca. Cendrars, inclusive, sugeriu a Oswald a ideia das locomotivas cheias prontas para partir, alertando para o risco de um pequeno descuido levar à direção oposta ao destino (uma crítica implícita ao "gabinetismo" e uma defesa da "prática culta da vida").

2: A BASE DO PROJETO

Este nível aprofunda as diretrizes do movimento e as características do livro, temas cruciais para a análise literária e o entendimento do projeto ideológico.

2.1 O Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924)

O Manifesto da Poesia Pau-Brasil foi publicado em 18 de março de 1924, no jornal Correio da Manhã. Este documento expõe as ideias do movimento de forma apaixonada e defende a necessidade de se criar uma Poesia Pau-Brasil, de exportação, em oposição à "Poesia de importação".

Ideias centrais do Manifesto (Conteúdo de alta relevância para exames):

  1. Valorização dos Fatos: A poesia existe nos fatos. Fatos estéticos são encontrados nos elementos da realidade cotidiana, como "os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino".

  2. Exaltação da Cultura Brasileira (Bárbaro e Nosso): O manifesto enaltece a cultura e as riquezas do Brasil, incluindo a formação étnica rica, a riqueza vegetal, o minério, a cozinha (como o vatapá), o ouro e a dança. Para Oswald, o Carnaval no Rio é o "acontecimento religioso da raça".

  3. Crítica ao Academicismo ("O Lado Doutor"): O manifesto ataca o gabinetismo, o naturalismo e o parnasianismo. O poeta parnasiano era ironizado como se fosse uma "máquina de fazer versos". O lado "doutor" e o eruditismo eram vistos como uma fatalidade que sufocava a "originalidade nativa".

  4. Defesa da Língua Brasileira: Prioriza-se a linguagem popular e a oralidade. A língua deve ser sem arcaísmos, sem erudição, mas sim Natural e neológica. Oswald defendia a "contribuição milionária de todos os erros". Essa busca por uma língua independente, "como falamos, como somos," retoma discussões anteriores de 1923.

2.2 Características Estilísticas da Poesia Pau-Brasil

A Poesia Pau-Brasil propôs um conjunto de características estéticas inovadoras, influenciadas pelas vanguardas europeias, mas aplicadas à realidade nacional.

Característica

Descrição e Exame

Nacionalismo Primitivista

O movimento tinha cunho nacionalista, valorizando a herança étnica e cultural brasileira. Buscava refletir sobre a primitividade nacional. O primitivismo era visto como uma herança cultural, uma "reação contra os museus da Europa".

Poesia de Exportação

Objetivo de criar uma poesia com características brasileiras que pudessem ser exportadas, aproveitando o exotismo primitivo em voga na Europa.

Liberdade Formal

A estética defendia a liberdade formal modernista, utilizando-se de verso livre e desobedecendo a métrica tradicional.

Síntese e Concisão

A poesia deveria ser ágil, objetiva e sintética. Isso era alcançado através da escritura telegráfica, epigramática e do poema-minuto.

Invenção e Surpresa

Busca da invenção e da surpresa, trabalhando "contra a cópia" e o detalhe naturalista. A poesia é a descoberta das "coisas que eu nunca vi".

Visão Pura/Olhos Livres

Defesa da volta ao sentido puro, substituindo o "estado de graça" pelo "estado de inocência". Significava "Ver com olhos livres".

2.3 O Livro Pau-Brasil (1925)

O livro de estreia em poesia de Oswald de Andrade, Pau-Brasil, foi publicado em 1925 pela editora parisiense Au Sans Pareil. Ele colocou em prática as ideias do movimento de caráter nacionalista.

O livro é a obra mais representativa da Poesia Pau-Brasil. Ele foi iluminado/ilustrado por Tarsila do Amaral (que também projetou a capa).

O livro apresenta uma estética redutora, substantiva e contida. Sua estrutura é composta por nove séries de poemas ou "episódios"/"cantos", organizados em uma narrativa-de-vida que reconstrói a História do Brasil. Estruturalmente, é considerado circular, começando e terminando com etapas basilares de contato com a realidade brasileira.

Séries Notáveis (partes do livro):

  • "Por ocasião da descoberta do Brasil" (abertura).

  • "História do Brasil".

  • "Poemas da Colonização".

  • "Carnaval".

  • "Postes de Light".

3: ANÁLISE PROFUNDA

Este nível detalha as técnicas artísticas e o legado do projeto, essenciais para dissertativas e questões de maior complexidade, focando no que é altamente cobrado: a função da paródia e da ironia.

3.1 A Paródia, a Ironia e o Ready-Made Oswaldiano

A obra de Oswald de Andrade é notável pela sua radicalidade, usando a sátira e a paródia como instrumentos de crítica. O Manifesto Antropófago, posterior ao Pau-Brasil, radicalizou algumas propostas, mas ambos foram idealizados por Oswald e tinham cunho nacionalista. A paródia é um dos principais recursos de composição.

3.1.1. O Ready-Made e a Colagem

Oswald de Andrade utilizou técnicas de fragmentação, desmontagem e montagem, o que resultou em uma "sintaxe despedaçada".

O crítico Décio Pignatari chegou a definir a poesia oswaldiana como ready-made, pois ela se vale de:

  1. Enumeração de objetos cotidianos.

  2. Utilização de lugares-comuns e clichês linguísticos.

  3. Linguagem publicitária (como no poema "reclame").

  4. Colagem de textos de cronistas e documentos históricos.

Essa colagem permitiu a Oswald de Andrade elaborar séries móveis de poemas, rompendo com fronteiras espaço-temporais e desencantando os textos de sua aura. A poesia busca o hibridismo e a pluralidade.

3.1.2. A Ironia e a Função Crítica

O procedimento parodístico é acentuado no Modernismo, servindo para incorporar criticamente o passado e questionar o sistema. A paródia, em Oswald, não é apenas imitação burlesca, mas um "canto paralelo" que afirma-negando um texto de referência.

O forte elemento constitutivo da paródia em Oswald é a ironia.

  • Aparência de Piada/Blague: Críticos (como Tristão de Athayde) viam o projeto Pau-Brasil como uma "pilhéria engraçada" ou "tolice engraçada". Oswald, contudo, usava a piada/blague como instrumento crítico e artifício poético.

  • Desnudamento da Ideologia: Oswald se apropria de textos dos primeiros cronistas para reconstruir a história do país de forma estilizada e sem ufanismo. Ele usa a paródia para atomizar o discurso oficial e expor as ideologias implícitas.

3.2 A Revolução da Linguagem (Primitivismo e Oralidade)

A poética Pau-Brasil representa uma transformação radical na linguagem poética brasileira. O projeto buscava uma linguagem ágil, ilógica e cândida, "Como uma criança".

A ênfase é colocada na língua sem erudição, com a "contribuição milionária de todos os erros", ou seja, o coloquialismo e o modo como falamos.

Essa busca pela brasilidade e pelo coloquialismo foi um programa ao qual Mário de Andrade, inicialmente, aderiu entusiasticamente, afirmando estar "inteiramente Pau-Brasil". Mário justificava escrever uma "língua imbecil" para chamar a atenção para o "monstro mole e indeciso que é o Brasil".

Oswald de Andrade, em sua poesia, valoriza os modismos populares, a linguagem cotidiana, a nacionalização do vocabulário, o estrangeirismo e a desobediência à gramática. Essa posição buscava erradicar a "praga da literatice" que assolava a cultura nacional.

3.3 A Questão do Lirismo Antilírico

A poesia Pau-Brasil foi frequentemente criticada por seus contemporâneos por uma suposta falta de lirismo.

  • Críticas: Carlos Drummond de Andrade sugeriu que Oswald deveria "lhe infiltre lirismo, se comova mais". Mário de Andrade, apesar de admirar o trabalho formal, achava que Oswald desperdiçava o lirismo, incomodando-se mais com a forma. O despojamento da poética oswaldiana era considerado radical e novo para a época, e a crítica via "formalismo" e "gosto pelo efeito".

  • A Resposta de Oswald (O Lirismo da Descoberta): Oswald aborda essa questão diretamente no poema "3 de maio" (de Poesia Pau Brasil, 1925), definindo o lirismo em novos termos: "Aprendi com meu filho de dez anos / Que a poesia é a descoberta / Das coisas que eu nunca vi".

  • O Lirismo da Síntese: O lirismo de Oswald é de uma "sinceridade total e sintética" e se faz sinônimo de equilíbrio, síntese, invenção e surpresa. O lirismo intenso está presente na descrição da vida cotidiana, como na imagem da "sala de jantar domingueira", com "passarinhos cantando na mata resumida das gaiolas".

4: POEMAS EMBLEMÁTICOS E ANÁLISE COMPARADA

Esta seção foca na análise textual de poemas frequentemente explorados em provas, demonstrando o uso da paródia e das novas estéticas.

4.1 A Paródia da Carta de Pero Vaz de Caminha ("História do Brasil")

A série de poemas "História do Brasil" (subtítulo geral "Pero Vaz Caminha") retoma a história da colonização através da paródia dos textos dos primeiros cronistas, como Pero Vaz de Caminha, Gândavo e Frei Vicente do Salvador.

Oswald, ao intitular o capítulo "Pero Vaz Caminha" (sem a preposição "de"), transforma o nome próprio em sujeito do verbo "caminhar", sugerindo a trajetória do discurso com intenções colonizadoras. A paródia descontrói o texto original e o reconstrói em um novo contexto modernista.

Poema

Análise e Paródia

A descoberta

Versos curtos retirados do relato de Caminha sobre a chegada. A quebra da lógica linear do texto original e a sobreposição dos textos permitem uma inversão de significado, forçando uma leitura crítica da "verdade" oficial.

Os selvagens

Retirado da descrição dos nativos que "quase tiveram medo" de uma galinha. O título irônico ("Os selvagens") questiona a pureza ingênua atribuída pelo olhar colonizador.

Primeiro chá

Parodia o momento em que Diogo Dias dança e faz o "salto mortal" para os índios. Oswald ironicamente troca "salto mortal" por "salto real". Essa mudança sugere que a realeza (o conquistador) usou os folguedos como tática de sedução e "assalto da realeza" à presa (o indígena).

As meninas da gare

Transcreve a descrição da nudez das índias ("vergonhas tão altas e tão saradinhas"). O título moderno ("da gare") confronta a descrição quinhentista com a realidade contemporânea, sugerindo a malícia subjacente e a exploração sexual feminina no olhar do colonizador, que transpassa séculos.

4.2 O "Canto de Regresso à Pátria"

Um dos poemas mais importantes para exames é o "canto de regresso à pátria", uma paródia direta da clássica "Canção do Exílio" de Gonçalves Dias.

"Canção do Exílio" (Gonçalves Dias - Romantismo)

"canto de regresso à pátria" (Oswald de Andrade - Modernismo)

Paródia e Função Crítica

"Minha terra tem palmeiras, / Onde canta o Sabiá;"

"Minha terra tem palmares / Onde gorjeia o mar"

Oswald substitui "palmeiras" por "palmares" (sugerindo Quilombo de Palmares e luta) e o canto do sabiá pelo mar gorjeante, rompendo a musicalidade e inserindo o elemento da resistência histórica.

"As aves, que aqui gorjeiam, / Não gorjeiam como lá."

"Os passarinhos daqui / Não cantam como os de lá"

A diferença no canto não é mais idílica; o poeta usa a linguagem mais coloquial ("passarinhos" e "cantam").

Foco na natureza idílica e genérica.

Foco no progresso, economia e realidade concreta.

O poema moderno termina com um desejo de ver "São Paulo," a "Rua 115" e o "progresso de São Paulo". O poeta quer "Ouro terra amor e rosas / Eu quero tudo de lá". Há uma mescla do ideal romântico ("amor e rosas") com o materialismo ("ouro terra").

A paródia oswaldiana é um movimento aproximativo de retorno à pátria, que mostra o país dinamicamente, com suas contradições.

4.3 Outros Poemas Essenciais

  • "pronominais" (de Poesia Pau Brasil, 1925): Este poema é um dos melhores exemplos da defesa da língua falada contra a gramática normativa. Ele opõe a regra gramatical da colocação pronominal ("Dê-me um cigarro," dita pelo "professor e do aluno / E do mulato sabido") à fala coloquial popular ("Me dá um cigarro," dita pelo "bom negro e o bom branco / Da Nação Brasileira"). A próclise ("Me dá") é exaltada como a expressão verbal da Nação Brasileira.

  • "3 de maio" (de Poesia Pau Brasil, 1925): Fundamental para entender o conceito de "estado de inocência" e o lirismo modernista. A poesia é definida como a "descoberta / Das coisas que eu nunca vi", aprendida com a pureza e o olhar livre de uma criança de dez anos.

  • "Escapulário" (abertura de Pau Brasil): Uma paródia da oração religiosa ("Pai Nosso"). O poeta pede: "No Pão de Açúcar / De Cada Dia / Dai-nos Senhor / A Poesia / De Cada Dia". Ele substitui o "pão nosso" por "Pão de Açúcar" (o ícone geográfico/carnal) e por "Poesia" (o alimento espiritual/estético). Essa profanação/reconfiguração une o divino ao nacional e ao estético, fundando a nação sob a égide da poesia modernista.

5: ALÉM DO PAU-BRASIL

Este nível final foca em tópicos que estabelecem conexões e mostram a evolução do pensamento de Oswald, temas valorizados em questões avançadas.

5.1 Relação com Tarsila do Amaral e Mário de Andrade

O Movimento Pau-Brasil foi uma colaboração artística:

  • Tarsila do Amaral: Foi uma das principais participantes do movimento. Ela projetou a capa e as ilustrações do livro Pau-Brasil (1925). Sua tela Morro da favela (1924) é considerada uma das principais obras do movimento.

  • Mário de Andrade: Foi outro nome principal do movimento. Seu livro de poemas Clã do jabuti (1927) é listado entre as obras do Pau-Brasil. No entanto, Mário e Oswald, embora fossem grandes mentores do Modernismo, tiveram divergências e Mário criticou o Pau-Brasil por sua suposta falta de lirismo e excesso de formalismo. Mário rompeu com Oswald em 1929.

5.2 Evolução para a Antropofagia (1928)

O Pau-Brasil (1924) não foi o fim do projeto nacionalista de Oswald. O Movimento Antropofágico (1928), também criado por ele, é visto como uma evolução ou ampliação da poesia Pau-Brasil.

Movimento Pau-Brasil (1924)

Movimento Antropofágico (1928)

Foca em valorizar elementos da cultura brasileira para fazer uma "poesia de exportação".

Amplia o nacionalismo, propondo que artistas "comam" a cultura estrangeira (assimilem o que há de bom) e transformem esse "empréstimo" em algo com identidade brasileira.

Baseado no conceito do pau-brasil (produto nativo de exportação).

Baseado no conceito de "Tupi or not tupi that is the question", rejeitando a catequese cultural.

Enquanto o Pau-Brasil buscava o primitivismo nativo (o "único achado de 22") e o resgate da nacionalidade sufocada pelo academicismo, a Antropofagia radicalizou essa ideia, defendendo a absorção crítica do inimigo sacro (a cultura estrangeira) para transformá-lo em totem.

5.3 Legado e Influência (Pensamento Social)

Embora Oswald de Andrade tenha enfrentado críticas por sua irreverência e sido acusado de superficialidade (sua obra era por vezes vista como "piada" ou "balbuciamento infantil"), sua poética de fragmentação, síntese e linguagem neológica foi fundamental.

O livro Pau-Brasil e o Manifesto não só provocaram discussões sobre a consciência nacional, mas também atualizaram essa discussão com uma linguagem novíssima.

  • Influência Estilística: A poesia de Oswald é considerada precursora do movimento Concretista (década de 50) e influenciou a estética do Tropicalismo (década de 60). A crítica aponta que a estética redutora de Pau-Brasil influenciou os primeiros poemas de Carlos Drummond de Andrade e a poesia de João Cabral de Mello Neto.

  • Relação com o Pensamento Social Clássico: O projeto Pau-Brasil (Manifesto e livro) tem sido estudado em relação íntima com a prosa do pensamento social clássico brasileiro. Existe uma conexão estrutural entre a poética de Oswald e as obras que tentaram interpretar o Brasil, como Casa-grande & senzala (Gilberto Freyre, 1933) e Raízes do Brasil (Sérgio Buarque de Holanda, 1936). O projeto Pau-Brasil é visto como uma malha textual que aprofunda e alarga os horizontes desta interpretação do Brasil.

Por exemplo, a oposição que Oswald faz no poema "pronominais" entre a língua escrita/acadêmica e a língua falada ("Me dá um cigarro") encontra homologias na análise de Gilberto Freyre sobre a colocação pronominal como reflexo das relações sociais entre senhores e escravos, identificando no modo de utilização dos pronomes um reflexo de determinadas posições sociais.

6. PERGUNTAS FREQUENTES

Q: Qual a diferença mais importante entre o Pau-Brasil e o Romantismo?

A diferença mais importante reside no tratamento do nacionalismo e da linguagem. O Romantismo (como em Gonçalves Dias) apresentava um nacionalismo ufanista e idealizado (a terra natal era genérica e paradisíaca). O Pau-Brasil, por outro lado, propôs um nacionalismo crítico, buscando uma brasilidade autêntica, expondo as contradições e paradoxos do país, utilizando a paródia e a linguagem coloquial.

Q: O projeto Pau-Brasil é considerado primitivista. Isso significa que Oswald de Andrade queria voltar ao passado?

Não, o projeto não é um convite à regressão aos processos pré-civilizatórios. Embora valorizasse o primitivo e o "estado de inocência", Oswald buscava o avanço rumo ao futuro, aceitando a pluralidade dos elementos constitutivos da cultura brasileira. O objetivo era aliar o primitivismo (a floresta) com a modernidade (a escola, a geometria, a química).

Q: Quem são os principais nomes do Movimento Pau-Brasil, além de Oswald?

Os principais nomes envolvidos foram Tarsila do Amaral (pintora, ilustradora do livro) e Mário de Andrade (poeta, autor de Clã do jabuti). Poetas como Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade apoiaram e foram influenciados pelas ideias, embora não fossem líderes diretos do movimento.

Q: Por que Oswald de Andrade usava tanto a paródia em seus poemas?

A paródia era a principal estratégia de Oswald para cumprir seu objetivo modernista: destruir as velhas formas artísticas e promover uma crítica social e histórica. Ao usar a paródia, Oswald conseguia se apropriar de textos consagrados (como a Carta de Caminha ou a Canção do Exílio), desvendando as ideologias implícitas (a "ótica do colonizador") e transformando-os em arte nova e brasileira.

Q: Qual o poema de Oswald de Andrade mais cobrado em relação à linguagem coloquial?

O poema "pronominais" é o exemplo mais frequentemente citado e cobrado para ilustrar a defesa de Oswald pela língua falada ("Me dá um cigarro") contra a norma gramatical ("Dê-me um cigarro").