A Literatura Gótica consolidou-se como uma tradição artística que utilizou narrativas ficcionais para codificar e figurar os medos e expressar os interditos de diversos grupos sociais. Este estilo emergiu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII, sendo frequentemente entendido como uma reação ao racionalismo do Iluminismo e à crescente industrialização e transformações sociais da época.
A literatura gótica é uma expressão que designa um tipo específico de literatura que emergiu no século XVIII. No seu cerne, o gótico consiste em um momento narrativo no qual a razão humana é desafiada por um acontecimento insólito.
O marco inicial deste estilo literário é reconhecido de modo quase unânime pela tradição literária ocidental como sendo o romance "O Castelo de Otranto" (The Castle of Otranto, 1764), de Horace Walpole.
Walpole, ao escrever O Castelo de Otranto, inaugurou um estilo que trazia o horrível, o insano e o demoníaco, contrapondo-se assim aos ideais neoclássicos de harmonia, decoro e moderação vigentes no século XVIII. A obra é notável por ser um híbrido entre o romance antigo (dominado pela imaginação) e o moderno (fiel à realidade), misturando o sobrenatural com as paixões, intrigas e psicologia dos personagens.
DICA PARA CONCURSOS: O Romance Gótico é essencialmente híbrido, servindo como um elo entre o romanesco e o romance, onde prevalece uma atmosfera de aflição, mistério e terror.
A palavra "gótico" carrega múltiplos significados, dependendo do contexto.
Contexto | Significado Original | Evolução do Sentido |
Histórico/Etimológico | Referente aos Godos (tribo germânica que se estabeleceu na Europa entre os séculos III e V d.C.). | Sinônimo de "bárbaro" e, mais tarde, associado ao "medieval". |
Arquitetônico | Estilo que surgiu em meados do século XII, caracterizado pela ênfase na fé católica, com elementos como gárgulas e arcos quebrados (estilo ogival). | O Revivalismo Gótico (Neogótico) no século XVIII, popularizado por Walpole, que forneceu o cenário (castelos, ruínas) para o modo literário. |
Na arquitetura, a arte gótica buscava criar um efeito mágico e sobrenatural, evocando uma espécie de terror e temor no espectador, fazendo-o sentir-se à mercê de um poder superior. Esta ênfase nas emoções é o que conecta o termo arquitetônico ao literário.
O surgimento da literatura gótica foi impulsionado por um período de grande instabilidade e ansiedade, notadamente nas décadas finais do século XVIII.
Contrariedade ao Racionalismo: O Romantismo, e a literatura gótica como seu subconjunto, representaram uma contraposição ao pensamento racional e empírico da Revolução Científica e do Iluminismo.
Valorização da Intuição: Enquanto o Iluminismo ditava que a razão era o caminho, os artistas românticos valorizavam a intuição e a imaginação. O gótico, por sua vez, dava as costas à razão, sendo descrito como "selvagem, excessivo e incivilizado".
Medos Políticos e Sociais: A Revolução Francesa e o que ela representava para as estruturas de poder europeias gerou grande inquietação. O gótico floresceu desses terrores temporais, espelhando a instabilidade da realidade através de figuras demoníacas ou situações fantásticas.
Materialismo e Fuga: O estilo também é visto como uma fuga da Revolução Industrial e do materialismo burguês, buscando um retorno a uma época de sonhos.
As narrativas góticas são fundamentalmente atmosféricas. A criação dessa atmosfera de mistério, suspense e pavor é alcançada através de elementos específicos que se tornaram convenções do gênero.
O locus horribilis (lugar horrível) é um dos três elementos destacados por sua recorrência e importância na estrutura narrativa gótica.
Locais Típicos: Cenários isolados e sombrios, desolados e cheios de ameaças. Incluem castelos antigos ou em ruínas, abadias decadentes, igrejas, cemitérios, passagens subterrâneas, florestas escuras, montanhas e mares revoltos.
Opressão: O ambiente gótico é frequentemente tenso e claustrofóbico. No século XVIII, os cenários eram selvagens e montanhosos.
Mecanismos de Pavor: Portas que se fecham misteriosamente, velas que se apagam subitamente e o caminhar em corredores escuros são comuns.
As narrativas góticas são povoadas por figuras sugestivas de ameaças reais e imaginárias:
Personagens Comuns: Aristocratas malignos, monges e freiras, bandidos, espectros, monstros, demônios, cadáveres, esqueletos e a heroína desmaiada.
A Heroína: Na primeira vertente inglesa, as tramas eram frequentemente maniqueístas (bem e mal bem delineados), protagonizadas por uma heroína órfã constantemente colocada em perigo extremo.
O Vilão: Frequentemente, um vilão de origem estrangeira (especialmente do sul da Europa), que aprisionava a heroína, espelhando a xenofobia da época.
Temas Centrais: Loucura e sonhos proféticos, segredos do passado, manuscritos escondidos, profecias, maldições, crimes e muito sangue.
O estilo gótico é frequentemente caracterizado como "escrita de excesso".
Narrativas: Tendem a ser tortuosas e fragmentadas, relatando incidentes misteriosos.
O Passado: Há uma forte presença fantasmagórica do passado.
Verossimilhança (Cobrado em Concursos): Para conferir credibilidade, a narrativa gótica muitas vezes se vale de documentos, como diários, cartas ou relatos não confiáveis, para configurar o "efeito do real".
Esta distinção, central para a crítica e frequentemente cobrada em exames de literatura, foi formalizada pela escritora gótica Ann Radcliffe em seu ensaio Do sobrenatural na poesia.
Conceito | Característica | Efeito na Alma (Segundo Radcliffe) | Exemplos |
Terror (Female Gothic) | Focado na antecipação. É o pavor atmosférico, a insinuação da ameaça, o suspense. Não é a reação visceral, mas o medo do que vai acontecer. | Expande a alma e desperta as faculdades a um grau elevado de vida. Aproxima-se do Sublime de Burke. | A babá andando sozinha em uma casa escura e vazia. A heroína prevendo o perigo (ex: Aubrey temendo pela irmã em O Vampiro). |
Horror (Male Gothic) | Focado na reação visceral. É a visualização de algo chocante, sangrento, perturbador ou grotesco. É a manifestação gráfica da violência. | Contrai, congela e quase aniquila as faculdades. | O assassino pulando e cortando a garganta. A violência brutal e macabra de O Monge (Matthew Lewis). |
Embora Radcliffe fosse mais afeita à insinuação (Terror), ela não colocava a distinção como definitiva, e muitos textos partilham ambos os elementos. O gótico de Radcliffe é conhecido como "terror gótico", no qual o sobrenatural é geralmente explicado no final por causas naturais ("explained supernatural"). Já o gótico de Matthew Gregory Lewis (O Monge, 1796) concretizou o "horror gótico", admitindo entidades sobrenaturais e a violência mais explícita.
A década de 1790 representou o auge da literatura gótica, o período em que o maior número de obras foi produzido e consumido. O período de 1764 a 1820 é frequentemente citado como a baliza temporal para o gótico clássico.
Autor(a) | Obra e Ano | Contribuição/Destaque |
Horace Walpole | O Castelo de Otranto (1764) | Marco inicial do gênero, introduzindo o sobrenatural, castelos e profecias. |
Clara Reeve | The Old English Baron (1778) | Reformulou o gótico walpoliano, sendo menos extravagante, mais melodramático e trazendo o cenário de volta à Inglaterra. |
Ann Radcliffe | Os Mistérios de Udolpho (1794), The Italian (1797) | Ápice do Terror Gótico/Female Gothic. Ênfase na heroína perseguida e no sobrenatural explicado, usando descrições sublimes da Natureza. |
Matthew G. Lewis | O Monge (1796) | Inaugura o Horror Gótico. Transgressão moral, violência explícita, incesto e satanismo. Escandalizou a sociedade inglesa. |
Mary Shelley | Frankenstein (1818/1823) | Transfere o foco do castelo para o terror científico e moderno. Obra fundamental para o Female Gothic (mito do nascimento). |
Charles R. Maturin | Melmoth the Wanderer (1820) | Considerado o último suspiro dessa era gótica clássica, elevando o medo ao nível espiritual. |
EXCEÇÃO NOTÁVEL (PÓS-CLÁSSICO): O gótico persistiu no século XIX com autores como Edgar Allan Poe (explorando a loucura e o sobrenatural), Emily Brontë (O Morro dos Ventos Uivantes, 1847), Charlotte Brontë (Jane Eyre, 1847) e Bram Stoker (Drácula, 1897), que explorou temas vampirescos e o terror científico.
A literatura gótica é frequentemente vista como um subconjunto ou uma vertente do Romantismo, manifestando as tensões e especificidades dessa sensibilidade.
O Romantismo, em geral, se caracterizava pela emoção, entusiasmo, introspecção e melancolia, dando importância à integridade, sinceridade e dedicação a um ideal, muitas vezes em oposição aos valores racionais e pragmáticos do Iluminismo.
Conexões Gótico-Românticas:
A busca do Genuíno e a Alteridade: Os românticos buscavam o genuíno, o particular, e tinham uma empatia com o desconhecido e o exótico. O gótico expressa essa busca através da identificação com o grotesco, com as fronteiras entre a vida e a morte, e com países ou povos distantes.
O Inconsciente e o Excesso: O gótico explora o submundo do inconsciente e o discurso do sentimento, frequentemente exagerado, que se alinha com o Romantismo ao dar voz às grandes paixões e fortes experiências emocionais.
O Mal-Estar na Civilização: A literatura gótica serviu como expressão das ansiedades e do medo do homem moderno perante as transformações e revoluções. Os autores góticos sabiam que nem tudo no universo poderia ser explicado pela ciência ou contido pela razão.
O Onírico e o Transgressor: A alteração do estado de consciência (como em O Médico e o Monstro, com o uso de drogas) configura um aspecto do Romantismo, remetendo à atmosfera onírica e à interferência irracional no cotidiano prosaico.
O Female Gothic (Gótico Feminino) é um campo de estudo crucial, pois aborda o estilo gótico como um instrumento para mulheres autoras exporem seus medos, pavores e angústias diante da sociedade patriarcal.
Definição: O termo Female Gothic foi introduzido por Ellen Moers em seu livro Literary Women (1976) para se referir às narrativas góticas produzidas por mulheres desde o século XVIII.
Função Social e Política: Durante séculos, a literatura foi o meio pelo qual as mulheres puderam abordar seus medos e angústias, antes mesmo de usufruírem dos direitos que possuem hoje.
Exposição e Denúncia: O Female Gothic é um espaço de manifestação da luta feminina por direitos e um local de denúncia das tentativas de apagamento feminino. Ele revela a alienação por trás da aceitação dos padrões historicamente impostos, expressando o sentido de "aprisionamento e sujeição a estruturas familiares, legais e de classes patriarcais".
O Gótico Feminino é central na representação dos medos e ansiedades do universo das mulheres.
Patriarcado e Androcentrismo: O Female Gothic responde à invisibilidade e ao silêncio das mulheres, impostos por séculos de patriarcado e androcentrismo, onde o homem é visto como a medida de todas as coisas.
Opressão Doméstica: O estilo articula as insatisfações das mulheres com as estruturas patriarcais e oferece uma expressão codificada de seus medos de aprisionamento dentro do corpo doméstico e feminino. O ambiente doméstico pode ser retratado como um espaço do monstruoso.
Apagamento da Linhagem Feminina: Escritoras usaram a ficção gótica histórica (com sua obsessão por herança e herdeiros perdidos) para explorar a maneira como a "linha feminina" foi apagada na "História".
Exemplos Notáveis:
Ann Radcliffe: Vista por Moers como representante do heroísmo viajante.
Mary Shelley (Frankenstein): Representa o mito do nascimento. A obra pode ser lida em sua associação com o tema da maternidade e do medo que envolve a experiência materna ou o nascimento de uma criança não desejada.
Louisa May Alcott (sob pseudônimo A. M. Barnard): Escrevia sobre mulheres fortes que se vingavam de opressões patriarcais, explorando temas como perversidade e loucura.
Durante o período vitoriano (século XIX), o gótico sofreu um revival e se adaptou.
Mudança de Cenário: Em vez de castelos abandonados na Itália, o terror passou a habitar instituições britânicas e, crucialmente, a esfera doméstica, assinalando que o perigo morava dentro de casa.
O Castelo da Mente: A fortaleza medieval deu lugar à mente como o "castelo assombrado". A prisão do personagem era representada pelos relacionamentos, casamentos, convenções sociais e a instabilidade emocional ou financeira.
Exemplo Principal (Jane Eyre): Em Jane Eyre (1847), de Charlotte Brontë, o mundo caótico e de pesadelo do romance gótico reflete os perigos que as mulheres enfrentam no mundo real. A protagonista sente-se confinada dentro de um invólucro doméstico opressivo, buscando a fuga de si (alegoria do pássaro engaiolado). O vilão, Mr. Rochester, e o aprisionamento de sua esposa Bertha no sótão, são metáforas góticas da realidade social e do peso do patriarcado.
Apesar de a literatura gótica ser frequentemente associada a autores europeus e estadunidenses, o gótico também floresceu no Brasil, coincidindo com o fervor da Independência no século XIX.
O gótico no Brasil foi historicamente marginalizado e sofreu um "terrível apagamento".
Conflito com o Nacionalismo: O gênero gótico contrastava com a proposta de literatura nacional defendida pelos primeiros românticos brasileiros. Após a Independência, o Romantismo brasileiro buscou uma literatura que exaltasse a "cor local" e se desprendesse de Portugal, estabelecendo um molde literário nacionalista.
Crítica ao Ultrarromantismo: A geração ultrarromântica (ou "mal-do-século"), que abraçou temas mórbidos e soturnos (e o gótico), foi duramente criticada por se afastar do padrão nacionalista imposto. O Ultrarromantismo era visto como "modismo" e "imitação imatura das literaturas estrangeiras".
Preconceito Geográfico: A crítica literária brasileira erroneamente supunha que o gótico se definia pelos cenários europeus (castelos, clima gélido) e, portanto, não combinaria com a natureza tropical e sublime do Brasil.
O gótico, no entanto, define-se como uma estética que exprime os medos e ansiedades do homem moderno.
Álvares de Azevedo: É o maior representante dessa geração e sua obra "Noite na Taverna" (não publicada em vida) é responsável por inaugurar a estética gótica no Brasil. Azevedo viu no gótico um meio de externalizar o sofrimento existencial, o descontentamento com a realidade monótona e a ameaça constante da tuberculose.
Fagundes Varela: Autor de contos fantásticos como "As Ruínas da Glória" (1861) e "As Bruxas", que abordam temas como loucura, necrofilia e feminicídio. Esses contos foram obscurecidos pela historiografia, que priorizava a prosa pautada na realidade.
Machado de Assis: Embora conhecido por seu realismo, Machado também mergulhou na prosa sobrenatural, e seus contos fantásticos permaneceram obscurecidos até a década de 1970. Ele chegou a traduzir "O Corvo" de Edgar Allan Poe.
O Gótico Brasileiro (Definição para Estudos Avançados): Pode ser definido como a confluência entre a estrutura formal da poética gótica e as temáticas características da realidade brasileira, onde os elementos essenciais (locus horribilis, personagem monstruosa e retorno do passado) são adequados para representar temas que concernem especificamente à realidade nacional, como o passado colonial e escravocrata.
Frankenstein; or, The Modern Prometheus (1818), de Mary Shelley, é uma obra seminal que marcou o deslocamento do terror do castelo medieval para o terror científico e moderno. A obra é uma profunda crítica ao otimismo exagerado na Ciência e à sociedade que se consolidava na Europa no início do século XIX.
Prometeu: Victor Frankenstein alude explicitamente ao titã da mitologia grega que roubou o fogo para transmiti-lo aos mortais, sendo punido por isso.
O Desafio a Deus: Frankenstein, como homem do século XIX, apela à racionalidade da Ciência para tentar superar sua condição humana, colocando-se como um deus criador ao reivindicar ter descoberto o segredo da vida.
A Crítica: A crítica de Shelley se volta para a ideia de que o homem atribuía à Ciência propriedades exageradas, como se pudesse controlar a natureza. O otimismo exagerado não previa a possibilidade de erros no planejamento racional da criação.
A criatura de Frankenstein é o produto de uma criação humana que fugiu ao controle do seu criador. Karl Marx e Friedrich Engels, décadas depois, compararam o capitalismo a um "feiticeiro que já não pode controlar os poderes infernais que invocou".
O Abandono: Frankenstein, ao se deparar com sua criação "feia e imperfeita", sente horror e desgosto e a abandona. Ele a persegue e a chama de "demônio" e "criatura vil e desprezível".
O Monstro Corrompido pela Sociedade: Inicialmente, a criatura é descrita como "delicada e boa", vivendo em contato com a natureza e deliciando-se com o ambiente, seguindo a filosofia de Rousseau (o "homem natural"). Foram os contatos com a sociedade que o corromperam e o tornaram amargurado, levando-o a odiar aqueles que o detestavam.
Frankenstein lida com a ambiguidade moral e confunde as linhas entre conceitos opostos, como vida e morte, são e insano. O monstro (criatura) é visto como morto, mas vivo.
Leitura Feminista: Além da crítica científica, Frankenstein pode ser lido em relação ao medo da experiência materna e do nascimento não desejado (o mito do nascimento, conforme Ellen Moers).
Narrativa Epistolar: O romance é narrado por meio de cartas (do capitão Walton para a irmã) e relatos (Victor Frankenstein narra sua história a Walton), um recurso gótico comum para conferir verossimilhança e "efeito do real".
Gótico é primariamente um estilo e um movimento artístico e literário que se baseia na atmosfera e na construção de pavor e suspense (Terror). O Horror é primariamente uma reação emocional visceral (o choque, o sangue). Embora o horror possa ser incorporado em uma obra gótica (gerando o "Horror Gótico"), nem todo gótico é terror, e nem todo terror é gótico.
Há debates. O romance gótico (Gothic Romance) é frequentemente tratado como um estilo ou um modo literário. Estudiosos apontam que a literatura gótica possui convenções narrativas consistentes que a tornam reconhecível, mas que não chegam a constituir um gênero fixo, sendo uma manifestação essencialmente híbrida. Alguns críticos posteriores, como Ellen Moers, chegaram a categorizar o Female Gothic como um estilo distinto, mas a discussão sobre sua utilidade como "gênero" permanece.
O Sublime, conforme teorizado por Edmund Burke, é uma fonte do gótico. O sublime está ligado a ideias de dor e perigo, ou tudo aquilo que é terrível, capaz de incitar a "mais forte emoção de que o espírito é capaz". No gótico, o medo (Terror) pode ser uma fonte do sublime, especialmente quando o perigo é atenuado (ficcional) e gera deleite no leitor, que se sente seguro ao testemunhar a tragédia de forma distante. Radcliffe usava o Sublime nas descrições de quadros naturais (vastas paisagens, montanhas) para atingir os efeitos de suspense.
Não. Embora a palavra "gótico" remeta originalmente aos Godos e à arquitetura medieval, o gótico literário se consolidou no final do século XVIII. Autores como Ann Radcliffe já buscavam aproximar o romance de tempos mais próximos, e o gótico vitoriano (como em Jane Eyre) transferiu a ambientação para edifícios e instituições britânicas, focando na esfera doméstica, e não apenas em castelos medievais.
Gótico Feminino (Female Gothic) (Já detalhado em 8).
Gótico Vitoriano (Victorian Gothic) (Já detalhado em 8.C).
Gótico Sulista (Southern Gothic): Subgênero que surgiu após a Guerra Civil Americana, focado na ambiguidade moral e na queda dos valores do Velho Sul. Exemplos incluem Faulkner (Uma Rosa para Emily) e Flannery O’Connor.
Romantismo Sombrio (Dark Romanticism): Muitas vezes associado ao Gótico Americano, focado no potencial humano para o mal ou para a loucura, em vez do potencial para o bem enfatizado pelo Transcendentalismo. Prioriza o sobrenatural, aquilo que a razão não pode explicar. Edgar Allan Poe é um expoente.
Gótico Científico: Desenvolvimentos posteriores ao gótico clássico, explorando um terror mais científico e moderno, muitas vezes envolvendo aparelhos e tecnologia (telégrafos, trens, máquinas de escrever). Frankenstein (1818), O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde (1886) e Drácula (1897) são exemplos dessa mudança de foco para os paradoxos do racionalismo e do desenvolvimento científico.