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26/09/2025 • 17 min de leitura
Atualizado em 26/09/2025

O Romance Gótico na Literatura

A Literatura Gótica consolidou-se como uma tradição artística que utilizou narrativas ficcionais para codificar e figurar os medos e expressar os interditos de diversos grupos sociais. Este estilo emergiu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII, sendo frequentemente entendido como uma reação ao racionalismo do Iluminismo e à crescente industrialização e transformações sociais da época.

1: Fundamentos e Definição

1. O que é a Literatura Gótica?

A literatura gótica é uma expressão que designa um tipo específico de literatura que emergiu no século XVIII. No seu cerne, o gótico consiste em um momento narrativo no qual a razão humana é desafiada por um acontecimento insólito.

O marco inicial deste estilo literário é reconhecido de modo quase unânime pela tradição literária ocidental como sendo o romance "O Castelo de Otranto" (The Castle of Otranto, 1764), de Horace Walpole.

Walpole, ao escrever O Castelo de Otranto, inaugurou um estilo que trazia o horrível, o insano e o demoníaco, contrapondo-se assim aos ideais neoclássicos de harmonia, decoro e moderação vigentes no século XVIII. A obra é notável por ser um híbrido entre o romance antigo (dominado pela imaginação) e o moderno (fiel à realidade), misturando o sobrenatural com as paixões, intrigas e psicologia dos personagens.

DICA PARA CONCURSOS: O Romance Gótico é essencialmente híbrido, servindo como um elo entre o romanesco e o romance, onde prevalece uma atmosfera de aflição, mistério e terror.

2. A Origem Histórica e Arquitetônica do Termo "Gótico"

A palavra "gótico" carrega múltiplos significados, dependendo do contexto.

Contexto

Significado Original

Evolução do Sentido

Histórico/Etimológico

Referente aos Godos (tribo germânica que se estabeleceu na Europa entre os séculos III e V d.C.).

Sinônimo de "bárbaro" e, mais tarde, associado ao "medieval".

Arquitetônico

Estilo que surgiu em meados do século XII, caracterizado pela ênfase na fé católica, com elementos como gárgulas e arcos quebrados (estilo ogival).

O Revivalismo Gótico (Neogótico) no século XVIII, popularizado por Walpole, que forneceu o cenário (castelos, ruínas) para o modo literário.

Na arquitetura, a arte gótica buscava criar um efeito mágico e sobrenatural, evocando uma espécie de terror e temor no espectador, fazendo-o sentir-se à mercê de um poder superior. Esta ênfase nas emoções é o que conecta o termo arquitetônico ao literário.

3. Contexto Histórico: Gótico como Reação ao Iluminismo

O surgimento da literatura gótica foi impulsionado por um período de grande instabilidade e ansiedade, notadamente nas décadas finais do século XVIII.

  • Contrariedade ao Racionalismo: O Romantismo, e a literatura gótica como seu subconjunto, representaram uma contraposição ao pensamento racional e empírico da Revolução Científica e do Iluminismo.

  • Valorização da Intuição: Enquanto o Iluminismo ditava que a razão era o caminho, os artistas românticos valorizavam a intuição e a imaginação. O gótico, por sua vez, dava as costas à razão, sendo descrito como "selvagem, excessivo e incivilizado".

  • Medos Políticos e Sociais: A Revolução Francesa e o que ela representava para as estruturas de poder europeias gerou grande inquietação. O gótico floresceu desses terrores temporais, espelhando a instabilidade da realidade através de figuras demoníacas ou situações fantásticas.

  • Materialismo e Fuga: O estilo também é visto como uma fuga da Revolução Industrial e do materialismo burguês, buscando um retorno a uma época de sonhos.


2: Elementos e Características Essenciais

4. Elementos Recorrentes e a Atmosfera Gótica

As narrativas góticas são fundamentalmente atmosféricas. A criação dessa atmosfera de mistério, suspense e pavor é alcançada através de elementos específicos que se tornaram convenções do gênero.

A. Locus Horribilis (O Cenário Assombrado):

O locus horribilis (lugar horrível) é um dos três elementos destacados por sua recorrência e importância na estrutura narrativa gótica.

  • Locais Típicos: Cenários isolados e sombrios, desolados e cheios de ameaças. Incluem castelos antigos ou em ruínas, abadias decadentes, igrejas, cemitérios, passagens subterrâneas, florestas escuras, montanhas e mares revoltos.

  • Opressão: O ambiente gótico é frequentemente tenso e claustrofóbico. No século XVIII, os cenários eram selvagens e montanhosos.

  • Mecanismos de Pavor: Portas que se fecham misteriosamente, velas que se apagam subitamente e o caminhar em corredores escuros são comuns.

B. Personagens e Temas:

As narrativas góticas são povoadas por figuras sugestivas de ameaças reais e imaginárias:

  • Personagens Comuns: Aristocratas malignos, monges e freiras, bandidos, espectros, monstros, demônios, cadáveres, esqueletos e a heroína desmaiada.

  • A Heroína: Na primeira vertente inglesa, as tramas eram frequentemente maniqueístas (bem e mal bem delineados), protagonizadas por uma heroína órfã constantemente colocada em perigo extremo.

  • O Vilão: Frequentemente, um vilão de origem estrangeira (especialmente do sul da Europa), que aprisionava a heroína, espelhando a xenofobia da época.

  • Temas Centrais: Loucura e sonhos proféticos, segredos do passado, manuscritos escondidos, profecias, maldições, crimes e muito sangue.

C. Estilo Narrativo:

O estilo gótico é frequentemente caracterizado como "escrita de excesso".

  • Narrativas: Tendem a ser tortuosas e fragmentadas, relatando incidentes misteriosos.

  • O Passado: Há uma forte presença fantasmagórica do passado.

  • Verossimilhança (Cobrado em Concursos): Para conferir credibilidade, a narrativa gótica muitas vezes se vale de documentos, como diários, cartas ou relatos não confiáveis, para configurar o "efeito do real".

5. Distinção Crucial: Terror vs. Horror

Esta distinção, central para a crítica e frequentemente cobrada em exames de literatura, foi formalizada pela escritora gótica Ann Radcliffe em seu ensaio Do sobrenatural na poesia.

Conceito

Característica

Efeito na Alma (Segundo Radcliffe)

Exemplos

Terror (Female Gothic)

Focado na antecipação. É o pavor atmosférico, a insinuação da ameaça, o suspense. Não é a reação visceral, mas o medo do que vai acontecer.

Expande a alma e desperta as faculdades a um grau elevado de vida. Aproxima-se do Sublime de Burke.

A babá andando sozinha em uma casa escura e vazia. A heroína prevendo o perigo (ex: Aubrey temendo pela irmã em O Vampiro).

Horror (Male Gothic)

Focado na reação visceral. É a visualização de algo chocante, sangrento, perturbador ou grotesco. É a manifestação gráfica da violência.

Contrai, congela e quase aniquila as faculdades.

O assassino pulando e cortando a garganta. A violência brutal e macabra de O Monge (Matthew Lewis).

Embora Radcliffe fosse mais afeita à insinuação (Terror), ela não colocava a distinção como definitiva, e muitos textos partilham ambos os elementos. O gótico de Radcliffe é conhecido como "terror gótico", no qual o sobrenatural é geralmente explicado no final por causas naturais ("explained supernatural"). Já o gótico de Matthew Gregory Lewis (O Monge, 1796) concretizou o "horror gótico", admitindo entidades sobrenaturais e a violência mais explícita.


3: Obras Clássicas e Conexões Artísticas

6. As Obras Canônicas do Gótico Clássico (1764-1820)

A década de 1790 representou o auge da literatura gótica, o período em que o maior número de obras foi produzido e consumido. O período de 1764 a 1820 é frequentemente citado como a baliza temporal para o gótico clássico.

Autor(a)

Obra e Ano

Contribuição/Destaque

Horace Walpole

O Castelo de Otranto (1764)

Marco inicial do gênero, introduzindo o sobrenatural, castelos e profecias.

Clara Reeve

The Old English Baron (1778)

Reformulou o gótico walpoliano, sendo menos extravagante, mais melodramático e trazendo o cenário de volta à Inglaterra.

Ann Radcliffe

Os Mistérios de Udolpho (1794), The Italian (1797)

Ápice do Terror Gótico/Female Gothic. Ênfase na heroína perseguida e no sobrenatural explicado, usando descrições sublimes da Natureza.

Matthew G. Lewis

O Monge (1796)

Inaugura o Horror Gótico. Transgressão moral, violência explícita, incesto e satanismo. Escandalizou a sociedade inglesa.

Mary Shelley

Frankenstein (1818/1823)

Transfere o foco do castelo para o terror científico e moderno. Obra fundamental para o Female Gothic (mito do nascimento).

Charles R. Maturin

Melmoth the Wanderer (1820)

Considerado o último suspiro dessa era gótica clássica, elevando o medo ao nível espiritual.

EXCEÇÃO NOTÁVEL (PÓS-CLÁSSICO): O gótico persistiu no século XIX com autores como Edgar Allan Poe (explorando a loucura e o sobrenatural), Emily Brontë (O Morro dos Ventos Uivantes, 1847), Charlotte Brontë (Jane Eyre, 1847) e Bram Stoker (Drácula, 1897), que explorou temas vampirescos e o terror científico.

7. Gótico e Romantismo: O Pavor na Transição

A literatura gótica é frequentemente vista como um subconjunto ou uma vertente do Romantismo, manifestando as tensões e especificidades dessa sensibilidade.

O Romantismo, em geral, se caracterizava pela emoção, entusiasmo, introspecção e melancolia, dando importância à integridade, sinceridade e dedicação a um ideal, muitas vezes em oposição aos valores racionais e pragmáticos do Iluminismo.

Conexões Gótico-Românticas:

  1. A busca do Genuíno e a Alteridade: Os românticos buscavam o genuíno, o particular, e tinham uma empatia com o desconhecido e o exótico. O gótico expressa essa busca através da identificação com o grotesco, com as fronteiras entre a vida e a morte, e com países ou povos distantes.

  2. O Inconsciente e o Excesso: O gótico explora o submundo do inconsciente e o discurso do sentimento, frequentemente exagerado, que se alinha com o Romantismo ao dar voz às grandes paixões e fortes experiências emocionais.

  3. O Mal-Estar na Civilização: A literatura gótica serviu como expressão das ansiedades e do medo do homem moderno perante as transformações e revoluções. Os autores góticos sabiam que nem tudo no universo poderia ser explicado pela ciência ou contido pela razão.

  4. O Onírico e o Transgressor: A alteração do estado de consciência (como em O Médico e o Monstro, com o uso de drogas) configura um aspecto do Romantismo, remetendo à atmosfera onírica e à interferência irracional no cotidiano prosaico.


4: Tópicos de Alto Valor

8. O Female Gothic (Gótico Feminino): Importância Social, Política e Pioneirismo Feminino

O Female Gothic (Gótico Feminino) é um campo de estudo crucial, pois aborda o estilo gótico como um instrumento para mulheres autoras exporem seus medos, pavores e angústias diante da sociedade patriarcal.

A. Conceituação e Pioneirismo:

  • Definição: O termo Female Gothic foi introduzido por Ellen Moers em seu livro Literary Women (1976) para se referir às narrativas góticas produzidas por mulheres desde o século XVIII.

  • Função Social e Política: Durante séculos, a literatura foi o meio pelo qual as mulheres puderam abordar seus medos e angústias, antes mesmo de usufruírem dos direitos que possuem hoje.

  • Exposição e Denúncia: O Female Gothic é um espaço de manifestação da luta feminina por direitos e um local de denúncia das tentativas de apagamento feminino. Ele revela a alienação por trás da aceitação dos padrões historicamente impostos, expressando o sentido de "aprisionamento e sujeição a estruturas familiares, legais e de classes patriarcais".

B. Temas e Representações:

O Gótico Feminino é central na representação dos medos e ansiedades do universo das mulheres.

  • Patriarcado e Androcentrismo: O Female Gothic responde à invisibilidade e ao silêncio das mulheres, impostos por séculos de patriarcado e androcentrismo, onde o homem é visto como a medida de todas as coisas.

  • Opressão Doméstica: O estilo articula as insatisfações das mulheres com as estruturas patriarcais e oferece uma expressão codificada de seus medos de aprisionamento dentro do corpo doméstico e feminino. O ambiente doméstico pode ser retratado como um espaço do monstruoso.

  • Apagamento da Linhagem Feminina: Escritoras usaram a ficção gótica histórica (com sua obsessão por herança e herdeiros perdidos) para explorar a maneira como a "linha feminina" foi apagada na "História".

  • Exemplos Notáveis:

    • Ann Radcliffe: Vista por Moers como representante do heroísmo viajante.

    • Mary Shelley (Frankenstein): Representa o mito do nascimento. A obra pode ser lida em sua associação com o tema da maternidade e do medo que envolve a experiência materna ou o nascimento de uma criança não desejada.

    • Louisa May Alcott (sob pseudônimo A. M. Barnard): Escrevia sobre mulheres fortes que se vingavam de opressões patriarcais, explorando temas como perversidade e loucura.

C. O Gótico Vitoriano e a Esfera Doméstica:

Durante o período vitoriano (século XIX), o gótico sofreu um revival e se adaptou.

  • Mudança de Cenário: Em vez de castelos abandonados na Itália, o terror passou a habitar instituições britânicas e, crucialmente, a esfera doméstica, assinalando que o perigo morava dentro de casa.

  • O Castelo da Mente: A fortaleza medieval deu lugar à mente como o "castelo assombrado". A prisão do personagem era representada pelos relacionamentos, casamentos, convenções sociais e a instabilidade emocional ou financeira.

  • Exemplo Principal (Jane Eyre): Em Jane Eyre (1847), de Charlotte Brontë, o mundo caótico e de pesadelo do romance gótico reflete os perigos que as mulheres enfrentam no mundo real. A protagonista sente-se confinada dentro de um invólucro doméstico opressivo, buscando a fuga de si (alegoria do pássaro engaiolado). O vilão, Mr. Rochester, e o aprisionamento de sua esposa Bertha no sótão, são metáforas góticas da realidade social e do peso do patriarcado.

9. Desenvolvimentos e Variações do Gótico: Gótico Brasileiro

Apesar de a literatura gótica ser frequentemente associada a autores europeus e estadunidenses, o gótico também floresceu no Brasil, coincidindo com o fervor da Independência no século XIX.

A. A Marginalização do Gótico Brasileiro:

O gótico no Brasil foi historicamente marginalizado e sofreu um "terrível apagamento".

  • Conflito com o Nacionalismo: O gênero gótico contrastava com a proposta de literatura nacional defendida pelos primeiros românticos brasileiros. Após a Independência, o Romantismo brasileiro buscou uma literatura que exaltasse a "cor local" e se desprendesse de Portugal, estabelecendo um molde literário nacionalista.

  • Crítica ao Ultrarromantismo: A geração ultrarromântica (ou "mal-do-século"), que abraçou temas mórbidos e soturnos (e o gótico), foi duramente criticada por se afastar do padrão nacionalista imposto. O Ultrarromantismo era visto como "modismo" e "imitação imatura das literaturas estrangeiras".

  • Preconceito Geográfico: A crítica literária brasileira erroneamente supunha que o gótico se definia pelos cenários europeus (castelos, clima gélido) e, portanto, não combinaria com a natureza tropical e sublime do Brasil.

B. O Gótico como Estética da Ansiedade Brasileira:

O gótico, no entanto, define-se como uma estética que exprime os medos e ansiedades do homem moderno.

  • Álvares de Azevedo: É o maior representante dessa geração e sua obra "Noite na Taverna" (não publicada em vida) é responsável por inaugurar a estética gótica no Brasil. Azevedo viu no gótico um meio de externalizar o sofrimento existencial, o descontentamento com a realidade monótona e a ameaça constante da tuberculose.

  • Fagundes Varela: Autor de contos fantásticos como "As Ruínas da Glória" (1861) e "As Bruxas", que abordam temas como loucura, necrofilia e feminicídio. Esses contos foram obscurecidos pela historiografia, que priorizava a prosa pautada na realidade.

  • Machado de Assis: Embora conhecido por seu realismo, Machado também mergulhou na prosa sobrenatural, e seus contos fantásticos permaneceram obscurecidos até a década de 1970. Ele chegou a traduzir "O Corvo" de Edgar Allan Poe.

O Gótico Brasileiro (Definição para Estudos Avançados): Pode ser definido como a confluência entre a estrutura formal da poética gótica e as temáticas características da realidade brasileira, onde os elementos essenciais (locus horribilis, personagem monstruosa e retorno do passado) são adequados para representar temas que concernem especificamente à realidade nacional, como o passado colonial e escravocrata.

10. A Crítica ao Racionalismo e o Legado de Frankenstein

Frankenstein; or, The Modern Prometheus (1818), de Mary Shelley, é uma obra seminal que marcou o deslocamento do terror do castelo medieval para o terror científico e moderno. A obra é uma profunda crítica ao otimismo exagerado na Ciência e à sociedade que se consolidava na Europa no início do século XIX.

A. O Moderno Prometeu (O Titã Científico):

  • Prometeu: Victor Frankenstein alude explicitamente ao titã da mitologia grega que roubou o fogo para transmiti-lo aos mortais, sendo punido por isso.

  • O Desafio a Deus: Frankenstein, como homem do século XIX, apela à racionalidade da Ciência para tentar superar sua condição humana, colocando-se como um deus criador ao reivindicar ter descoberto o segredo da vida.

  • A Crítica: A crítica de Shelley se volta para a ideia de que o homem atribuía à Ciência propriedades exageradas, como se pudesse controlar a natureza. O otimismo exagerado não previa a possibilidade de erros no planejamento racional da criação.

B. A Criação Fora de Controle (O Feiticeiro):

A criatura de Frankenstein é o produto de uma criação humana que fugiu ao controle do seu criador. Karl Marx e Friedrich Engels, décadas depois, compararam o capitalismo a um "feiticeiro que já não pode controlar os poderes infernais que invocou".

  • O Abandono: Frankenstein, ao se deparar com sua criação "feia e imperfeita", sente horror e desgosto e a abandona. Ele a persegue e a chama de "demônio" e "criatura vil e desprezível".

  • O Monstro Corrompido pela Sociedade: Inicialmente, a criatura é descrita como "delicada e boa", vivendo em contato com a natureza e deliciando-se com o ambiente, seguindo a filosofia de Rousseau (o "homem natural"). Foram os contatos com a sociedade que o corromperam e o tornaram amargurado, levando-o a odiar aqueles que o detestavam.

C. Temas Psicológicos e Concursos:

Frankenstein lida com a ambiguidade moral e confunde as linhas entre conceitos opostos, como vida e morte, são e insano. O monstro (criatura) é visto como morto, mas vivo.

  • Leitura Feminista: Além da crítica científica, Frankenstein pode ser lido em relação ao medo da experiência materna e do nascimento não desejado (o mito do nascimento, conforme Ellen Moers).

  • Narrativa Epistolar: O romance é narrado por meio de cartas (do capitão Walton para a irmã) e relatos (Victor Frankenstein narra sua história a Walton), um recurso gótico comum para conferir verossimilhança e "efeito do real".


Perguntas Comuns

Qual a diferença entre Gótico e Horror?

Gótico é primariamente um estilo e um movimento artístico e literário que se baseia na atmosfera e na construção de pavor e suspense (Terror). O Horror é primariamente uma reação emocional visceral (o choque, o sangue). Embora o horror possa ser incorporado em uma obra gótica (gerando o "Horror Gótico"), nem todo gótico é terror, e nem todo terror é gótico.

O Gótico é um Gênero Literário ou um Estilo?

Há debates. O romance gótico (Gothic Romance) é frequentemente tratado como um estilo ou um modo literário. Estudiosos apontam que a literatura gótica possui convenções narrativas consistentes que a tornam reconhecível, mas que não chegam a constituir um gênero fixo, sendo uma manifestação essencialmente híbrida. Alguns críticos posteriores, como Ellen Moers, chegaram a categorizar o Female Gothic como um estilo distinto, mas a discussão sobre sua utilidade como "gênero" permanece.

O que é o Sublime no contexto Gótico?

O Sublime, conforme teorizado por Edmund Burke, é uma fonte do gótico. O sublime está ligado a ideias de dor e perigo, ou tudo aquilo que é terrível, capaz de incitar a "mais forte emoção de que o espírito é capaz". No gótico, o medo (Terror) pode ser uma fonte do sublime, especialmente quando o perigo é atenuado (ficcional) e gera deleite no leitor, que se sente seguro ao testemunhar a tragédia de forma distante. Radcliffe usava o Sublime nas descrições de quadros naturais (vastas paisagens, montanhas) para atingir os efeitos de suspense.

O gótico se restringe à Idade Média?

Não. Embora a palavra "gótico" remeta originalmente aos Godos e à arquitetura medieval, o gótico literário se consolidou no final do século XVIII. Autores como Ann Radcliffe já buscavam aproximar o romance de tempos mais próximos, e o gótico vitoriano (como em Jane Eyre) transferiu a ambientação para edifícios e instituições britânicas, focando na esfera doméstica, e não apenas em castelos medievais.


Estruturas de Gótico Cobradas em Concursos

  1. Gótico Feminino (Female Gothic) (Já detalhado em 8).

  2. Gótico Vitoriano (Victorian Gothic) (Já detalhado em 8.C).

  3. Gótico Sulista (Southern Gothic): Subgênero que surgiu após a Guerra Civil Americana, focado na ambiguidade moral e na queda dos valores do Velho Sul. Exemplos incluem Faulkner (Uma Rosa para Emily) e Flannery O’Connor.

  4. Romantismo Sombrio (Dark Romanticism): Muitas vezes associado ao Gótico Americano, focado no potencial humano para o mal ou para a loucura, em vez do potencial para o bem enfatizado pelo Transcendentalismo. Prioriza o sobrenatural, aquilo que a razão não pode explicar. Edgar Allan Poe é um expoente.

  5. Gótico Científico: Desenvolvimentos posteriores ao gótico clássico, explorando um terror mais científico e moderno, muitas vezes envolvendo aparelhos e tecnologia (telégrafos, trens, máquinas de escrever). Frankenstein (1818), O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde (1886) e Drácula (1897) são exemplos dessa mudança de foco para os paradoxos do racionalismo e do desenvolvimento científico.